Número de interessados dobra em incubadora da economia criativa

Rio Criativo recebeu 300 inscrições para segunda turma de 2015

POR GLAUCE CAVALCANTI

Marina, Zico e Peixonauta – Divulgação

RIO – As empresas que buscam um lugar ao sol da economia criativa funcionam como termômetro do setor. A Incubadora Rio Criativo, criada pelo Secretaria estadual de Cultura em 2010, recebeu inscrições de 300 proponentes para o segundo ciclo de incubação no ano passado: 16 foram selecionadas. No primeiro ciclo, foram pouco mais de 150.

— O segundo ciclo foi mais disputado. As incubadas têm consultoria de negócios, jurídica, recebem aporte de R$ 60 mil. No primeiro ciclo, o faturamento das 17 empresas saltou de R$ 1 milhão para R$ 10 milhões — diz Ivana Beltrão, diretora da Rio Criativo.

Ivana explica que a informalidade no setor cultural ainda é alta, o que impede o acesso ao mercado formal de crédito. Desde setembro, a incubadora tem parceria com a AgeRio, que oferece empréstimos de até R$ 15 mil. O valor médio concedido está em R$ 7 mil, em geral destinado à compra de equipamentos, materiais para produções culturais e pequenas obras.

Uma das atuais incubadas é o estúdio de criação Dumativa. O grupo de 11 jovens — designers, músicos, escritores, programadores e administradores —, junto há quatro anos, concentra suas energias no jogo eletrônico “A lenda do Herói”. O game foi inspirado em personagem criado pelo humorista carioca e youtuber Marcos Castro.

— Foram oito meses de estudo e outros quatro para desenvolver a campanha sobre o game para o Catarse (site de financiamento coletivo), em 2014. Foi a maior campanha em número de apoiadores do site, com mais de seis mil doadores. Chegamos a R$ 250 mil, que era o total necessário para fazer o jogo — conta o designer Mairon Luz.

O jogo já está em pré-venda na Nuuvem, plataforma de distribuição digital de games, e será lançado no fim de fevereiro.

Já a M+ E Design foi criada pela arquiteta Magui Känf em 2011, quando veio de Porto Alegre. Hoje, são três sócias que fazem design de conteúdo e inovação para museus e centros culturais. Entre os clientes, o Sebrae e o Museu do Amanhã.

— Criamos espaços imersivos e sensoriais para atrair as pessoas para exposições — explica Mariana Chicayban, uma das sócias.

Hoje, há 11 incubadoras no país. Este ano, outras três iniciarão suas atividades.

PEIXONAUTA FOI DIVISOR DE ÁGUAS

Um agente secreto chamado Peixonauta. Usando uma roupa especial, ele vive aventuras fora d’água ao lado da menina Marina e do macaco Zico. Mais do que o personagem da série criada pela paulistana TVPinGuim, “Peixonauta”, que estreou na TV em 2009, é uma espécie de divisor de águas na produção nacional de animação.

— Ficou provado que há conteúdo de qualidade para ser exibido na TV, mas precisando de financiamento — afirma Kiko Mistrorigo, um dos três sócios da TVPinGuim.

De lá para cá, a produtora — criada em 1989 para desenvolver conteúdo próprio para o público infantil — aumentou a equipe de 20 para 70 funcionários. “Peixonauta” tem duas séries completas, um longa que deve estrear no fim do ano e 300 produtos licenciados. Está em 86 países.

Em agosto de 2014, “O show da Luna!” — seriado de animação estrelado pela menina de 6 anos apaixonada por ciências e que tem um irmãozinho chamado Júpiter — chegou à TV nos EUA e, dois meses depois, nas telinhas do Brasil e da América Latina. A exemplo de “Peixonauta”, “Luna” é coprodução com o Discovery Kids.

Ano passado, a TVPinGuim somou R$ 4 milhões em royalties das duas séries e de produtos licenciados, mais que o triplo de 2014. O faturamento foi multiplicado por três em 2015, chegando a R$ 5 milhões, metade vinda do exterior, conta Ricardo Rozzino, produtor executivo.

— Esperamos faturar de R$ 12 milhões a R$ 14 milhões em 2017. Mas é uma indústria nascente no Brasil e que não é sustentável. A gente não se mantém integralmente com recursos próprios.

Tudo mudou quando o Discovery Kids comprou a licença do “Peixonauta” em 2004.

— Como entregar os 52 episódios? Naquela época, na Ancine, não havia patrocínio para obra seriada. Conseguimos R$ 1,75 milhão no BNDES. Usamos recursos próprios e da Lei do Audiovisual — lembra Mistrorigo, afirmando que cada temporada custa US$ 3,5 milhões.

Com a “Luna” foi mais fácil. O licenciamento começou em julho e no início do ano deve chegar a cem produtos. Para 2017, há um novo filme programado, “Tarsilinha” e a série “Ping pong”, selecionada pelo programa Brasil-Canadá e que também irá para o Discovery Kids.

© 1996 – 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.