1 de janeiro de 2015 – 13h44
A economia criativa é um dos setores da economia que apresenta maior rapidez de expansão, compreendendo áreas como o design, a música, a literatura, as artes visuais, artes cênicas, cinema, fotografia, livrarias, museus, galerias, entre outros. O termo tornou-se popular em 2001, quando o escritor John Howkins aplicou o conceito a 15 indústrias relacionadas com criatividade cultural e inovação, que seriam as “indústrias culturais e criativas”.
Na época, Howkins estimava, que no ano 2000, a economia criativa já tinha um valor de US$ 2,2 bilhões de dólares, com crescimento de 5% ao ano.
Para mapear esse setor inovador, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lançou, recentemente, o relatório Economia Criativa 2013. A 1ª edição mundial em espanhol foi apresentada na cerimônia do Acordo de Cooperação Educacional, Cultural e Científica entre o governo do México e Unesco, realizada no Aberto Mexicano de Design, em novembro último, na Cidade do México.
O documento inclui estudos de caso, análises estatísticas de diversos países e indicadores sobre o valor da criatividade e da cultura, considerados motores do desenvolvimento sustentável. Para o secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, “demasiados programas de desenvolvimento bem intencionados têm falhado por não considerarem o contexto cultural… o desenvolvimento nem sempre é centrado suficientemente nas pessoas. Para mobilizar a população, devemos entender e aceitar sua cultura. Isso significa promover o diálogo, ouvir as vozes individuais e garantir a cultura e os direitos humanos conforme o novo rumo do desenvolvimento sustentável”.
A aplicação do termo “indústrias culturais e criativas” pode variar conforme o contexto. Existem muitos modelos e classificações. A economia criativa vai além de produtos, serviços e tecnologias, incluindo também processos, modelos de negócios e modelos de gestão. Um recente modelo proposto pela Fundação do Trabalho no Reino Unido representa essas indústrias através de círculos concêntricos, estabelecendo uma distinção entre as indústrias culturais e criativas, situando ambas dentro da economia como um todo.
De acordo com o relatório, na América Latina e Carib,e o panorama é bem diversificado. Países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Cuba já têm um quadro de economia criativa instaurados, enquanto o México, Peru e Uruguai estão começando a reconhecer o potencial do setor. Já a Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela ainda precisam dar o pontapé inicial. As diferenças entre os países estão relacionadas com a associação da cultura à qualidade de vida e aos direitos sociais, independentemente dos resultados econômicos. Ou seja, em países que priorizam e investem na cultura, a economia criativa tem um ambiente mais favorável.
Reconhecer a cultura como “arte e patrimônio”, implantando políticas para indústrias audiovisuais e de design, por exemplo, são medidas adotadas em nações mais avançadas na economia criativa.
O informe aponta que, na Argentina, a média de crescimento do setor cultural foi de 7,8% (de 2003 a 2011), com especial destaque para a indústria de livros, que produziu a cifra recorde de 31.691 títulos e 118.700.987 exemplares. Já Bogotá, capital da Colômbia, foi nomeada, em 2012, “Cidade da Música” pela Rede de Cidades Criativas da Unesco, também pelo destaque do país no setor.
Mais do que produtos e serviços, a economia criativa se preocupa com a experiência, tanto para quem produz quanto para quem consome. O que difere os produtos e serviços advindos da economia criativa dos demais é, justamente, o valor simbólico que carregam. Dessa interação entre cultura e economia surge a expressão “economia cultural”, revelando a perspectiva de que a economia é também uma parte da cultura.
A economia criativa é considerada pela Unesco e Pnud um dos meios mais transformadores em termos de geração de renda, criação de emprego e benefícios de exportação. De acordo com o informe, o setor movimentou US$ 624 milhões em 2011, com a taxa anual de crescimento em torno de 8,8%.
Entre os obstáculos ao crescimento da economia criativa ainda estão: a falta de infraestrutura e capacitação, falta de proteção da propriedade intelectual, ausência de suporte estatal, investimento de capital insuficiente e renda disponível. A empresa cultural, operando num sistema misto entre atividade comercial e atividade sem fins lucrativos, precisa encontrar um equilíbrio adequado.
O relatório propõe 10 principais recomendações para estimular novos canais culturais para o desenvolvimento. Entre elas estão: investir no desenvolvimento sustentável das empresas criativas ao longo da cadeia de valor; posicionar a cultura nos programas de desenvolvimento econômico e social locais, mesmo dentro de prioridades concorrentes; investir no aumento da capacitação local para potencializar os criadores e empresários culturais, os funcionários da administração e as empresas do setor privado.
Para a Unesco, é preciso compreender que a economia criativa gera valores além dos financeiros, como, por exemplo, o desenvolvimento sustentável inclusivo e centrado nas pessoas. A cultura e a criatividade, como eixos centrais do segmento, devem ser percebidas como facilitadoras do processo de desenvolvimento econômico, social e ambiental. A economia criativa também traz importantes dimensões de empoderamento.
Fonte: Adital
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