por ALEXANDRE ARAGÃO
Mas o paulistano que já separou o notebook e correu até a praça mais próxima a fim de baixar músicas e filmes com a rede pública deve conter a animação. “Há um tempo existia a ilusão de que o Estado colocaria wi-fi em todo lugar, mas isso é inviável”, diz Eduardo Tude, engenheiro e presidente da consultoria especializada Teleco.
O maior empecilho não é o custo de implantação, mas o de manutenção das redes. A prefeitura instala um poste, depois o cabeamento de energia. Em seguida, vem a energia em si. Só então é colocado o roteador e, por último, as placas informativas.
Esse processo engloba duas secretarias municipais, as duas empresas que venceram a licitação e a Eletropaulo, do governo do Estado.
Apesar da burocracia, é mais difícil fazer com que a rede mantenha-se estável. Nos locais em que há maior circulação, como a Sé, a administração estima que até 500 pessoas poderão usar o wi-fi ao mesmo tempo sem descumprir os requisitos mínimos –porém quanto mais usuários, menos velocidade.
Filipe Rocha/Editoria de Arte/Folhapress | ||
É RÁPIDO MESMO?
A banda almejada pelo programa, de 512 kbps, não é tão larga assim. A ITU (União Internacional de Telecomunicações) –agência ligada à ONU–, por exemplo, não inclui essa velocidade na categoria de banda larga.
Trocando em miúdos, é suficiente para navegar, publicar fotos e, vá lá, baixar aplicativos. Nada de fazer downloads pesados ou assistir a vídeos longos em “streaming”.
A fim de garantir que tais critérios mínimos sejam cumpridos, dados de fluxo de todas as redes estarão on-line, em planilhas da Prodam, companhia de tecnologia da informação da prefeitura.
Qualquer um poderá baixá-las e aferir se cada rede tem oferecido os 512 kbps, além de perceber quais são os pontos mais populares.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
O prefeito Fernando Haddad (PT) testa um dos wi-fi na cidade; atrás, a placa que identifica as redes |
Conforme o uso, a administração pode decidir por aumentar a capacidade das redes wi-fi em até 25%.
As duas empresas contratadas para prestar o serviço, WCS e Ziva Tecnologia, assinaram contratos com duração de três anos, no valor total de R$ 27,6 milhões. Elas têm que garantir cobertura de ao menos 75% da área em praças e de 50% em parques.
A prefeitura tem o compromisso de instalar 43 das 120 redes até o final deste ano. “Mas o prefeito [Fernando Haddad] está cobrando que entreguemos todas até outubro”, afirma João Cassino, coordenador de conectividade e convergência digital.
Ele explica que, conforme o programa avança, é mais simples instalar redes novas. De todas as testadas, duas não funcionaram. A prefeitura diz que o problema ocorreu por falta de energia, já sanado. Dois dias após o teste inicial, a reportagem constatou que a falha persistia.
Editoria de Arte/Folhapress |