Uma tendência já com contornos de realidade. As favelas brasileiras estão mais empreendedoras, ao seu modo.
Um ambiente rico em ideias, em pessoas bem qualificadas e laboratório para ideias que podem ajudar a sociedade. Leia a frase de novo e associe às favelas. Não conseguiu? Pois acostume-se: é uma tendência já com contornos de realidade. As favelas brasileiras estão mais empreendedoras, ao seu modo.
Tudo começou com a pacificação das favelas, nos últimos dois anos. A vida dos moradores ficou mais fácil, e a dos empreendimentos também. A estigmatização negativa do ambiente vem diminuindo aos poucos e negócios de fora já olham melhor para as favelas. Além do crescimento da economia local. Estimam-se 12 mil empreendedores entre as favelas da Rocinha e do Alemão, a maioria informais e gente da própria comunidade. Segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário (Sedes), a maior faixa etária dos moradores que investem no próprio negócio está entre 35 e 49 anos (41,6%).
O ecossistema atual se fortalece, com cabeleireiros, padarias, lojas de material de construção, etc. Mas os tipos de negócio também se diversificam. Já existem guias turísticos dentro das favelas, que trabalham pra caramba recepcionando cerca de 12 mil turistas por dia. Academias de ginástica, que antes não podiam operar com segurança, já estão nas comunidades. E até bistrôs.
Com ambiente favorável, todo mundo vem junto. Os bancos começam a chegar com agências novas e opções de microcrédito. Agências de publicidade montam filiais dentro das favelas para ter mais contato com classes C e D e extrair novos insights para estratégias. Cursos são criados em parceria com o Sebrae para treinar e empoderar o jovem local com conhecimento empreendedor.
Veja esta iniciativa do Startup Weekend dentro do Morro da Providência, por exemplo. As ideias das startups serão ligadas com as necessidades locais da comunidade. E por isso aquele dado mencionado antes, da faixa etária, importa tanto. Estamos vendo nascer um novo celeiro de ideias empreendedoras e jovens.
Ainda há problemas? Sim, especificamente no que diz respeito à repressão aos movimentos culturais. Bailes funk são proibidos, o que acaba com todo um ecossistema de negócios ao redor desses bailes. E também a formalização forçada, o que muitos negócios – tocados por pequenas famílias ou coletivos – não têm capacidade no momento.
Outros dados que preocupam. 2% da população apenas é escolarizada em nível superior, e 80% não possui acesso à internet. Mas é um ambiente forte o bastante para superar essas dificuldades. Talvez as próximas ondas de suporte ao empreendedorismo cheguem para estas necessidades: mais formação com programas de incentivo em universidades, e expansão da internet móvel.
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